Sindicato dos Químicos Unificados.
Brasil
SAÚDE | TERCEIRIZAÇÃO
Ricardo Antunes, em debate no Unificados
“Mundo produtivo destrói corpo produtivo”
Foto: intersindicalcentral.com.br
O sociólogo Ricardo Antunes afirmou que “O mundo produtivo, no capitalismo, destrói o corpo produtivo”, ao fazer a relação entre a exploração por cada vez mais produção e menos direitos nas empresas, com o crescente número de trabalhadores acidentados, lesionados e mortos no exercício de suas atividades.
E ele garante que, se aprovado o projeto de liberação total da terceirização, a situação irá se agravar em muito. Estas declarações foram feitas em debate entre o professor Antunes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com trabalhadores, dirigentes sindicais e interessados no assunto, na manhã do dia 30 de junho, na Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados.
O interior das empresas, o chamado “chão de fábrica”, segundo o professor Antunes, é dominado totalmente pelo autoritarismo. “Ao trabalhador, só resta obedecer e adoecer”, afirmou Antunes, exemplificando um dos principais pontos causadores de doenças entre a classe trabalhadora.
O interior das empresas, o chamado “chão de fábrica”, segundo o professor Antunes, é dominado totalmente pelo autoritarismo. “Ao trabalhador, só resta obedecer e adoecer”, afirmou Antunes, exemplificando um dos principais pontos causadores de doenças entre a classe trabalhadora.
Destruição de direito...
Um projeto mundial
Antunes afirmou que a crise capitalista desde 2008 foi intensificada, pois ela atingiu, ao mesmo tempo, todos os países do Hemisfério Norte (Estados Unidos, Europa…) e também o Japão. Com ela, alastrou-se a tendência mundial para transformar os trabalhadores (todo o proletariado) em informais, sem quaisquer direitos ou garantias contratuais.
Desde então, busca-se a destruição de direitos do trabalho em escala mundial. E que o projeto de terceirização no Brasil encaixa-se neste contexto.
Mais exploração…
Mais doenças e suicídios
Para o professor Antunes, ainda em escala mundial, foram ampliados os mecanismos de exploração da mais-valia (termo usado para designar a disparidade entre o salário pago e o valor do trabalho produzido/necessário). Sob esta lógica, “há a destruição da saúde do trabalhador, envenenamentos, transtornos psíquicos, envelhecimento precoce e até suicídios.
O sistema de metas inatingíveis, implantado em várias empresas, afeta a dignidade humana por provocar a concorrência entre os próprios trabalhadores, com um cobrando do outro maior produção, inclusive com humilhações, e, ironicamente, em benefício do capitalista que alimenta e se aproveita desta concorrência entre companheiros e companheiras de classe, disse Antunes.
Fragilização
Em quadro de superexploração no trabalho e de crise, segundo Antunes, os primeiros afetados pela demissão e pelo desemprego são os mais jovens, os que já apresentam fragilização por doenças (inclusive adquiridas nas próprias empresas) e os mais idosos.
Antunes conta que esteve ainda neste mês na Espanha, onde o desemprego entre os jovens é de aproximadamente 55%.
Terceirização
O retorno à escravidão
O professor Antunes é duro crítico em relação ao projeto que libera a terceirização. Ele garante que trata-se de “regressão à escravidão no trabalho, versão século XXI.”
A terceirização, defende Antunes, burla a legislação mínima que os trabalhadores têm em sua defesa e, para além, quebra a organização de defesa destes direitos com a pulverização dos sindicatos e a impossibilidade de organizar a categoria e as lutas em razão do grande número de terceiras diversas atuando no interior das fábricas, tudo isso somado à altíssima rotatividade que ela irá provocar.
Rel-UITA
10 de julho de 2015
N do E: Agradecemos o envio desta matéria ao Dr. Roberto Ruiz