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Conflito na Nestlé Uruguai
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De acordo com o dirigente, o pessoal da segurança da fábrica de distribuição tinha anotado num papel os nomes dos cinco trabalhadores que não podiam entrar na fábrica.
Desde meados do ano passado, as relações do Sindicato com a gerência local vêm se desgastando devido a uma série de irregularidades, como o descumprimento de alguns pontos de um convênio que estava sendo negociado, e principalmente por causa de erros no pagamento ao contabilizarem mal as horas trabalhadas.
“A empresa nos acusa de estar muito reativos. Mas, o certo é que depois de mudarem os atores que participam das negociações com o Sindicato, as condições das mesmas pioraram substancialmente, falta diálogo e sobra prepotência”, destacou Mechlovits.
O sindicalista acusou em particular ao novo gerente de Recursos Humanos, o argentino Ignacio Sarmiento – que além disso se encarrega do mesmo setor da Nestlé no Paraguai.
O que detonou este conflito foi o fracasso da negociação de um convênio entre o Sindicato e a empresa pela mudança do local físico da distribuição, que anteriormente estava no mesmo edifício da fábrica da Nestlé, em Montevidéu.
“O que estava sendo negociado era uma melhoria salarial devido aos impactos econômicos sofridos pelo pessoal que se desempenha neste setor. Quando já estava quase aprovado, a ponto de ser assinado, a nova gerência simplesmente rasgou o convênio na cara dos companheiros que participavam das discussões”, declarou.
Mechlovits continuou dizendo que diante desta atitude da empresa, foi solicitada uma audiência no Ministério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS), para que o MTSS possa se pronunciar diante da gerência da Nestlé.
“Com anterioridade da audiência, junto com o nosso advogado, eu tinha dito que no meu caso não se cumpre o que a empresa quer aplicar, que é um decreto referido ao cargo de supervisor, coisa que eu nunca fui, porque não tenho ninguém sob minha alçada, não me oferecem locomoção, nem combustível para eu me trasladar, e nem mesmo uma linha de telefone celular”, explicou o dirigente.
“O esclarecimento deste ponto, junto com a minha vontade manifesta diante da gerência de voltar à direção sindical e a nossa reivindicação diante do MTSS sobre as horas pagas, foram os motivos reais das demissões”, acusou Mechlovits.
Para o dirigente, a medida da gerência, feita por baixo dos panos, usando como desculpa uma suposta reestrutura de pessoal, esconde uma atitude antissindical.
Dois dias depois que o MTSS “sentenciasse a favor do Sindicato em todos os pontos denunciados como irregulares, a Nestlé nos demite”, enfatizou.
“Demitiram outros quatro companheiros para encobrir a minha demissão, que evidentemente foi por motivo puramente antissindical”, denunciou.
O objetivo das medidas que estão sendo tomadas pelo sindicato desde o dia 14 deste mês é o de exigir a reintegração dos trabalhadores despedidos.
“As paralisações por área são uma das medidas que afetam mais a empresa e menos o bolso dos trabalhadores, porque supõe apenas uma hora de desconto do salário”, alertou Mechlovits.
“Estamos em uma assembleia permanente, sempre dispostos a dialogar com a empresa, mas não por isso vamos deixar que pisoteiem nos nossos direitos”, finalizou.
A solidariedade internacional não demorou a se fazer presente, e são vários os sindicatos nucleados na UITA e na Federação Latino-Americana de Trabalhadores da Nestlé que já manifestaram seu apoio aos companheiros uruguaios.
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Tradução: Luciana Gaffrée.