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O BNDES financia demissões
Em Montevidéu,
Brasil
FRIGORÍFICOS
Com Cairo Reinhardt
O BNDES financia demissões
Marfrig anuncia o fechamento de uma de suas fábricas, mais de 600 trabalhadores na rua
A unidade de Caxias do Sul da Seara Marfrig será fechada no próximo dia 19 de junho, conforme anunciado pela transnacional frigorífica em recente comunicado. A Rel dialogou com Cairo Reinhardt, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA-RS), que avaliou os impactos deste fechamento para a região.
-No dia 27 de maio passado, a Seara Marfrig anunciou o fechamento de sua unidade em Caxias do Sul. Quais as consequências mais imediatas desta medida?
-Para começar, ela agora está deixando sem emprego mais de 600 trabalhadores, porém a empresa já havia demitido mais de mil trabalhadores, se contabilizarmos todo o ano de 2013 até agora.
 
-A Seara-Marfrig recebe subsídios do BNDES…
-Sim, e esta é a parte mais revoltante do assunto: é dinheiro público, de todos os trabalhadores brasileiros, financiando demissões.
 
O BNDES é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mas de social não tem nada, porque as empresas pegam o dinheiro que recebem do banco, compram outras empresas, que são da concorrência, e depois movem as peças segundo suas conveniências, fechando fábricas que forem menos lucrativas, com as consequentes demissões e impactos sociais. É um absurdo não existir nenhum critério para a concessão destes benefícios.
 
Além disso, a Seara é a principal patrocinadora da seleção brasileira de futebol. Que mensagem estamos passando? Temos que denunciar isto.  
 
-Há boatos de que a Marfrig pretende fechar outras unidades no Brasil e na Argentina.
-Fomos informados de que fecharão mais três unidades no Rio Grande do Sul e duas na Argentina. No Brasil serão mais de 2 mil trabalhadores demitidos.   
 
-Que medidas estão sendo tomadas pela Federação?
-Estamos pressionando o governo para que este tipo de companhia não receba mais benefícios do BNDES. Realizamos uma denúncia formal ao governo do estado, outra ao próprio BNDES e também ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), organismo encarregado de orientar, fiscalizar e prevenir abusos do poder econômico e responsável por estas fusões que terminam fechando fábricas e despedindo operários.
 
Até o momento não houve resposta do CADE. Temos que começar a denunciar internacionalmente este tipo de ação.
 
O que está acontecendo é que as empresas, que dominam o mercado de carnes, laticínios, etc., estão realizando transações entre elas e manejam o mercado do jeito que querem, e com isso alteram o valor das mercadorias e do próprio trabalho. 
 
JBS-Friboi, Seara–Marfrig e Brasil Foods (BRF, fusão da Sadia e da Perdigão) estão fazendo o que querem. Por mais que o CADE dissolva algumas das fusões, elas mesmas estão fazendo os acordos para se comprarem e se venderem, o que é um completo absurdo. O BNDES está, simplesmente, financiando este despropósito.
   
cairo reinhardt-610
Foto: Rel-UITA
  
Rel-UITA
7 de junho de 2013