
A ideia do governo é ampliar o crédito em meio à recessão, quando os bancos privados pararam de emprestar dinheiro. Uma Medida Provisória (MP) está sendo elaborada, e o governo argumenta que ela corrige uma distorção – historicamente, trabalhadores do setor público teriam muito mais facilidade em adquirir o crédito consignado que os do setor privado.
No entender do movimento sindical, no entanto, o Planalto parece estar fugindo do problema.
Por que não criar condições, ou imposições, para que o setor financeiro reduza os juros estratosféricos hoje cobrados nos empréstimos?
A medida cogitada por Brasília parece muito cômoda para os banqueiros, dando-lhes um lastro de segurança contra qualquer tipo de perda.
Quem entra com o risco, na realidade, é o trabalhador que fica sem o amparo do dinheiro do FGTS no seu pior momento, o da perda da fonte de renda.
O movimento sindical sempre almejou maior autonomia para o cidadão com relação ao seu FGTS. Com regras rígidas, hoje ele é acessado apenas no caso de investimentos imobiliários (mediante farta burocracia), ou no caso de doenças graves.
É um dinheiro dele, trabalhador, que ele não pode movimentar como quer. Interessante que, num momento de necessidade do governo, o fundo é liberado aos bancos para o crédito mais apetitoso, sem risco de inadimplência por estar atrelado ao salário – o consignado.
O governo precisa injetar dinheiro na economia. Priorizar o consignado, comparando seus juros com os do cheque especial, no entanto, é tentar iludir o trabalhador.
Sabemos das diferenças, sabemos do que estamos falando. Ao eleger o FGTS como lastro desta empreitada, Brasília comete um desrespeito e demonstra um desprezo com a autonomia financeira do trabalhador, falha que parece explicar a falta de rumo desta equipe econômica.
A União Sindical dos Trabalhadores de Limeira (USTL), bem como grande parte do movimento sindical brasileiro, é contra a medida.