Começou a negociação coletiva na Nestlé
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– No dia 22 de janeiro passado, a autoridade do Trabalho abriu oficialmente o expediente de negociação coletiva. Paralelamente, desde o dia 8 de janeiro já vínhamos discutindo, em coordenação com a empresa, as cláusulas da Pauta de reivindicações apresentada em dezembro.
– Quais são as principais reivindicações apresentadas por vocês?
– Estamos reivindicando aumento salarial superior ao IPC acumulado anual, pois com isso recuperaríamos o nosso baixíssimo poder aquisitivo. Em 2015, a inflação foi de 4,5 por cento e atualmente, segundo meios especializados, a taxa anual está em 4,6%.
Nesta oportunidade, estamos tentando obter melhorias em nossas condições e nos benefícios de trabalho já existentes, com a incorporação de novas cláusulas que garantam benefícios aos trabalhadores e o crescimento da empresa.
– Quais são as expectativas de vocês com relação a esta negociação?
– Esperamos que ocorra da mesma forma que nas negociações anteriores, que tenhamos um diálogo franco e transparente com os representantes da Nestlé Peru.
Por outro lado, no âmbito nacional, estamos confiantes de que, como sempre, contaremos com o apoio de nossa Federação CGTP-ABA, da qual sou o secretário geral e encarregado do departamento legal. Em nível internacional, caso seja necessário, estará conosco a solidariedade incondicional da nossa internacional UITA e da Federação Latino-Americana de Trabalhadores da Nestlé (Felatran), da qual tenho a honra de ser membro de seu Comitê Executivo.
– No interior da empresa como se desenvolve a atividade sindical? O Sindicato vem crescendo, qual é a sua força?
– Em uma empresa onde há uma atomização sindical (6 sindicatos), a situação é muito complicada. Há trabalhadores que saem de um sindicato e vão para outro, talvez porque querem ver melhorias em sua renda.
Há uma grande mobilização sindical, cada sindicato tem suas particularidades que nos diferenciam e que dificultam a ansiada unificação. Alguns trabalhadores não entendem que ser uma única força sindical é uma garantia para demandar benefícios uniformes, assim como melhores condições de trabalho.
Nosso Sindicato também vem sofrendo baixas, mas também há novas filiações de trabalhadores que confiam em nós.
-O Suntranep lamenta haver apoiado Ollanta Humala, porque ele enganou os trabalhadores que votaram nele. O seu governo realmente fez muito pouco pela classe trabalhadora.
A Lei de Segurança e Saúde no Trabalho, que nasceu por iniciativa e gestão de nossa central Mariateguista, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), estava orientada para o corte dos abusos dos péssimos empresários, mas foi afrouxada depois; na calada da noite, promulgaram a Lei de regime trabalhista juvenil ou “Lei Pulpín” que não reconhecia os direitos dos jovens que entram no mundo do trabalho, concedia benefícios tributários às empresas, reduzia os custos trabalhistas dos empregadores e, o pior de tudo, deixava no limbo ou em perigo quem já tinha um posto de trabalho.
Por sorte, o movimento sindical foi às ruas reclamar a revogação da lei e conseguiu frear pelo menos este absurdo.
Neste governo, passaram vários ministros pela pasta do Trabalho e nenhum se atreveu a modificar a Lei de Relações Coletivas de Trabalho em matéria de greves, arbitragens trabalhistas, divergências.
Tomara que nosso próximo presidente não nos traga mais do mesmo. Estamos cansados das promessas de desaparecer as denominadas services, que não são outra coisa que empresas prestadoras de serviços terceirizados, que não fazem mais do que precarizar as condições de trabalho dos peruanos.
Somos testemunhas de que aconteceu exatamente o contrário. Hoje estão fortalecidas, enquanto que os governos de turno se esforçam para fragilizar os sindicatos inventando novas formas de contratações temporárias abusivas, que dão carta livre para as demissões sem expressão nem justa causa, e criminalizando os protestos.