Desrespeito à jornada de trabalho e sobrecarga aumentam insegurança dos trabalhadores
Com Julio Flores
Forte reivindicação do STIBYS à Cervejaria Hondurenha
Desrespeito à jornada de trabalho e sobrecarga aumentam insegurança dos trabalhadores
Em 5 de abril, José Antonio Molina Reyes, motorista e vendedor da Cervejaria Hondurenha SA (SABMiller), filiado à seccional 2 de San Pedro Sula do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Bebida e Afins (STIBYS), chegou muito cedo ao trabalho. Esperou mais de duas horas, enquanto carregavam o caminhão e saiu , como sempre, para ganhar a vida, sem saber que nunca mais voltaria a repetir estes gestos cotidianos.
José Antonio foi assassinado, não se sabe ainda com quantos tiros. O que se sabe, com certeza, é que estava voltando de uma longa e extenuante jornada de trabalho quando o caminhão foi interceptado por delinquentes em San José do Boquerón, Choloma.
“Quando foi assaltado, o companheiro já estava há mais de 12 horas trabalhando e ainda faltavam, pelo menos, três horas para retornar à fábrica e encerrar as operações. Estamos falando de uma jornada de trabalho que excede 15 horas, praticamente sem descanso, e que coloca em grande risco a incolumidade dos trabalhadores”, disse para A Rel, Julio Flores, secretário geral do STIBYS.
De acordo com o Código de Trabalho, a jornada dos trabalhadores em venda não pode exceder 12 horas e deve incluir um descanso mínimo de uma hora e meia.
Além disso, o convenio coletivo, firmado entre o STIBYS e a Cervejaria Hondurenha (SABMiller), define que a jornada de trabalho se inicia entre 6h e 7h30 da manhã e termina com a liquidação das operações.
“Isto quer dizer que as 12 horas vão desde a hora em que o trabalhador entra na instalação até a hora em que termina a sua liquidação das vendas do dia, mas a empresa interpreta e manuseia as normas e regras da forma como ela bem entende”, explicou Flores.
De acordo com a direção sindical, a Cervejaria Hondurenha estaria calculando as 12 horas apenas a partir do momento em que o trabalhador sai da instalação até o seu retorno, desconsiderando, portanto, o tempo que o trabalhador leva para carregar o caminhão e o tempo que ele fica na longa fila que se forma de noite, fora da instalação, para liquidar as operações, sendo que o normal é sobrecarregar os caminhões e não aceitar devoluções, sob a ameaça de sanções.
“Com estas condições impostas pela empresa, o trabalhador tende a chegar muito cedo na fábrica, esperar várias horas enquanto carregam o caminhão e estender a sua jornada de trabalho até que termine de vender tudo, sem fazer uso da sua hora e meia de descanso”, acrescentou Flores.
“Estas condições – continuou – colocam os trabalhadores em uma situação de alta vulnerabilidade, porque quanto mais tarde a tripulação sair da fábrica e quanto mais for estendida a jornada de trabalho, haverá maiores probabilidades de sofrerem agressões e assaltos”.
Diante desta grave situação de insegurança, bem como diante da tragédia que enlutou o movimento sindical nacional de Honduras, o STIBYS fez uma forte reivindicação à Cervejaria Hondurenha (SABMiller) para que cumpra com a jornada de trabalho em vendas, não sobrecarregue os caminhões e contrate mais tripulantes.
O movimento sindical nacional também exigiu o fim das ameaças e punições aos trabalhadores por levarem devoluções e o respeito ao Código do Trabalho e ao Convênio Coletivo.