DERECHOS HUMANOS

Exposição mostra terror das ditaduras na América Latina

Senado inaugura exposição há 50 anos do golpe militar

Exposição mostra terror das ditaduras na América Latina
Senado inaugura exposição há 50 anos do golpe militar
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Jair Krischke (Foto: Gerardo Iglesias)
Prisões ilegais, tortura, morte e desaparecimento de pessoas. O terror implantado pelas ditaduras militares na América Latina, entre 1964 e 1990, e a narrativa dos «anos de chumbo» no Brasil foram tema de uma exposição aberta no Congresso Nacional, na quinta-feira 20 de março. 
Senadores assistem depoimento do ativista Jair Krischke: “Nós, brasileiros, temos uma grande dívida de memória histórica para com as novas gerações.” 
 
Promovida pela presidência do Senado e pelo gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS), a exposição é produzida pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e traz revelações inéditas em resgate histórico da luta contra os aparatos repressores oficiais e clandestinos que violaram a democracia e os direitos civis.
 
A intenção é levar à juventude informações, consciência e experimentação desse período conturbado e sangrento da história latino-americana, com a divulgação dos rostos de 366 vítimas da ditadura militar no Brasil, acompanhados de som ambiente com os nomes, idade, local e ano de desaparecimento dessas pessoas.
 
Depoimentos, fotografias, vídeos e documentos da época, todo o material foi garimpado em um minucioso trabalho de pesquisa que se estendeu por mais de um ano sobre os arquivos do MJDH e do Arquivo Público de São Paulo, no Brasil, e em Buenos Aires, na Argentina.
 
Onde a esperança se refugiou
 
A mostra é organizada em cinco partes: Contexto Político Latino-Americano e Brasileiro; A Ditadura Militar no Brasil; O Movimento de Justiça e Direitos Humanos; O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização; e Políticas da Memória, que destaca o trabalho das Comissões da Verdade em quatro países.
 
“Nós, brasileiros, temos uma grande dívida de memória histórica para com as novas gerações e precisamos criar uma consciência coletiva para mudar essa realidade de transição, que é interminável”, afirma o ativista Jair Krischke, fundador e presidente do MJDH, de atuação decisiva para a sobrevivência de cerca de dois mil perseguidos dos regimes militares no Cone Sul.
 
Krischke foi um dos escolhidos entre 32 finalistas de todo o país para receber a Comenda de Direitos Humanos Dom Helder Câmara, do Senado. Ele foi indicado à comenda pelo senador Pedro Simon. O título foi entregue em dezembro de 2011, em sessão solene em Brasília.
 
Nunca mais!
 
Autor da iniciativa o senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um emocionado discurso na abertura do evento para pedir aos jovens que não esqueçam esse momento histórico e que, olhando o que aconteceu, construam um novo amanhã.
 
“Aqui, não estamos festejando nada. Estamos parando para relembrar o desvio que o Brasil teve em 21 anos, até a retomada da democracia”, disse o senador, destacando os que nunca deixaram de lutar em favor da abertura democrática.
 
Simon fez uma alusão aos que, ainda hoje, defendem aquele regime, para pedir que a sociedade mantenha-se preparada, «com a mente fria», a fim de que nunca mais o país enfrente semelhante retrocesso.
 
Ele lembrou que, junto com outros senadores, está trazendo ao exame do Senado as reformas de base propostas por João Goulart. Trata-se de um conjunto de mudanças, de caráter nacionalista, que o então presidente pretendia implantar no Brasil e cujo anúncio serviu para acelerar o golpe militar de 1964.
 
A exposição do Movimento de Justiça e Direitos Humanos – Onde a Esperança se Refugiou ocorrerá de 20 de março a 13 de abril. O horário de visitação é das 9 às 17 horas, inclusive nos fins de semana, no Salão Negro do Congresso Nacional. A entrada é franca.