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Discurso de Artur Bueno de Camargo no Fórum das Organizações Sindicais da Agroindústria

“Avançar com consciência de classe”

Embora o setor agroalimentar seja considerado essencial, milhões de trabalhadores e trabalhadoras arriscam sua saúde e até mesmo suas vidas, todos os dias. Muitos trabalham sem equipamentos de proteção, sem a aplicação de protocolos de biossegurança. Portanto, cada vez mais, encontram-se desprovidos de uma legislação trabalhista que os ampare. Estão nus em seus direitos, sem nada que os proteja, como cebolas descascadas prontas para serem cozidas. Portanto, algumas organizações já entenderam que é hora de tecer parcerias, articular capacidades e coordenar ações, para não terminarem fritadas no óleo rançoso do neoliberalismo.
Artur Bueno de Camargo | Foto: Gerardo Iglesias

Artur Bueno Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Alimentação (Cnta), traz sua reflexão sobre a parceria estratégica com a Contac- organização sindical que também atua no setor alimentício ̶ bem como, seus avanços, desafios, sugerindo algumas ideias visando a uma acumulação de forças mais sólida.

«O trabalho que estamos fazendo entre a Cnta e a Contac¹ – comenta Artur ̶ na defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do setor da alimentação está sendo muito importante, especialmente nessa situação de emergência sanitária vivida pelo país e pelo mundo, onde a perda de direitos, decorrentes de uma reforma trabalhista que não conhece limites, é fato», diz.

«Esse contexto global de pandemia é uma oportunidade para deixar claro quão importantes são os trabalhadores e as trabalhadoras do setor agroalimentar. Nesse sentido, estamos realizando várias gestões para exigir do governo federal e do Congresso Nacional as medidas oportunas e necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores do setor.

Conseguimos dar visibilidade à situação, chegamos a assinar acordos nacionais com grandes empresas como a BRF (avícola) e a Três Corações (café), para o projeto e a adoção de rígidas normas de segurança. Além disso, estamos tomando algumas medidas para trabalhar com as bases sindicais, apesar das restrições sanitárias.

No momento ̶ estamos avançando, conjuntamente parceria com a UITA, na criação de uma campanha de sensibilização, conscientização pública e denúncia das más condições de trabalho, visando a exigir a implementação dos protocolos de saúde necessários para os trabalhadores e trabalhadoras realizarem suas tarefas com segurança.

Rumo a um fórum de organizações do setor agroalimentar no Brasil

Unificar na ação todas as organizações sindicais do setor agroalimentar é o nosso maior anseio, um passo fundamental para avançar com mais força e maior capacidade de incidência na defesa dos direitos trabalhistas em toda a cadeia de produção, da terra ao prato.

Se conseguirmos formar este fórum com a Contag, Contar, Contac e Cnta1¹ teremos muito mais força para lutar contra as injustiças do capitalismo.

Eu sempre digo que o sistema capitalista pode ser mais ou menos selvagem, dependendo da força de resistência existente. Sendo essa resistência fruto da unidade do movimento sindical, que deve estar unido pela consciência de classe, devendo isso ser mais importante do que qualquer ideologia ou pensamento individual.

Se conseguirmos construir essa parceria entre as confederações do setor agroalimentar, teremos mais possibilidades de avançar no trabalho sindical e de reconquistar os direitos que esses últimos governos tiraram de nós», ressalta Artur.


¹  Confederação Nacional de Trabalhadores da Agricultura (Contag),
   Confederação Nacional de Trabalhadores e Assalariados Rurais (Contar)
   Confederação Brasileira Democrática de Trabalhadores da Alimentação (Contac)